segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sedentarismo e Atividade Física


Sedentarismo e atividade física

Estimule os alunos a refletirem sobre o hábito de fazer exercícios e peça que orientem a comunidade escolar sobre os prejuízos de ser sedentário
Pessoas fazendo ginástica. Imagem: Madalena Teles

Objetivos
  • Conhecer as reações fisiológicas do corpo humano provocadas pelo sedentarismo e pela falta do exercício
  • Entender as conseqüências e os riscos do sedentarismo para a saúde física e mental como doenças cardiovasculares, ósseas e musculares, degenerativas e emocionais
  • Identificar as boas práticas corporais que podem ser realizadas dentro e fora da escola como prevenção e para a aquisição de um bom condicionamento físico
  • Aprender os procedimentos básicos de treinamento para qualificar a prática da atividade física
  • Valorizar a atividade física e o exercício como fatores que contribuem para a saúde e a qualidade de vida.

Conteúdos
  • Sedentarismo, Atividade Física e Saúde
  • Princípios da Teoria do Treinamento Físico
  • Programa de Atividade Física

Anos

8º e 9º Ano (Ensino Fundamental)

Tempo estimado
Sete aulas

Materiais necessários
Computadores com acesso à internet.

Introdução
Muito se fala sobre a importância da prática de atividades físicas para a prevenção de doenças e a manutenção de uma boa saúde. Porém as conseqüências do sedentarismo não são difundidas com a mesma intensidade. As aulas de educação física na escola podem contribuir para que os adolescentes compreendam melhor quais são os fatores de risco para a saúde, provenientes do sedentarismo.

Segundo o médico Dráuzio Varella, "são tantos os benefícios da atividade física, que só existe uma explicação para a vida sedentária que a maioria das pessoas leva: praticar exercícios vai contra a natureza humana". Diz o Dr. Dráuzio que o ser humano tem uma tendência a não desperdiçar energia, mas a vida dita "moderna" tem nos feito "acumular" energia e, consequentemente, acumular "doenças" graves e degenerativas. Qual a saída? Movimentar-se mais e com qualidade!

O desafio da escola, mais precisamente da educação física escolar, está em motivar as crianças e os jovens para a prática da atividade física. O que se vê normalmente é que os adultos têm consciência sobre a importância do exercício, mas não o praticam; Já as crianças e os jovens normalmente gostam das aulas de educação física, praticam as atividades propostas, mas não adquirem a consciência e o conhecimento necessários para continuar se exercitando quando saem da escola. Neste plano de aula os alunos terão a oportunidade de aprender mais sobre as reações provocadas no corpo humano pelo sedentarismo e construir conhecimento para encontrar o equilíbrio entre o "saber" e o "fazer", ou seja, se motivar para incorporar na sua rotina diária a prática de exercícios e atividade física.

Desenvolvimento

Aula 1
É preciso cuidar para que os espaços estejam organizados antes do início das aulas. Ao longo da sequência didática os alunos vão estudar e praticar diferentes atividades, algumas mais práticas e outras mais teóricas.

Inicie fazendo um diagnóstico sobre o conhecimento que os alunos possuem sobre o tema e apresente suas ideias e as expectativas de aprendizagem. É importante equilibrar as atividades para que sejam realizadas leituras e reflexões sobre o material teórico e algumas experimentações corporais.

Nas rodas de conversa iniciais faça algumas perguntas para identificar o conhecimento prévio dos alunos:

Você sabe o que é sedentarismo?
Qual a relação entre sedentarismo e envelhecimento?
Quais as conseqüências do sedentarismo para a saúde física e mental?
Quais as atividades que envolvem esforço físico praticadas pelos alunos dentro e fora da escola? Qual a freqüência e a intensidade?
Quais são as mais "queridas" do grupo? Quais gostariam de praticar e conhecer melhor?
Quais gostariam de praticar como atividade regular?


Não se esqueça de registrar as respostas no seu diário de bordo. As perguntas podem ser entregues em forma de questionário e os alunos podem respondê-las com o auxílio de recursos como textos e sites na internet, como o site da revista Saúde!

Organize as respostas em um painel ou em slides e apresente aos alunos. Este é o momento de "chocar" o grupo sobre as conseqüências de uma vida sedentária.

A sugestão é que a turma conheça as consequências e os riscos do sedentarismo para a saúde (envelhecimento precoce, doenças cardiovasculares, ósseas e musculares, degenerativas e emocionais). Os alunos precisam ser motivados para a importância da atividade física bem feita como um fator de prevenção. É importante que eles saibam que não existe milagre e que um bom programa de exercícios pode ser pensado a partir das atividades já praticadas no dia a dia, dentro e fora da escola.

Neste momento, abra um espaço para as primeiras experiências práticas e inicie a conscientização sobre o que é uma boa atividade física e qual sua regularidade, intensidade, continuidade e progressão. Vale lembrar que as diferentes práticas da cultura corporal (jogos, esportes, ginásticas e atividades físicas, danças e lutas) e as atividades do dia a dia (caminhadas, skate e bicicleta, por exemplo) podem e devem ser consideradas.

Para finalizar esta etapa a sugestão é selecionar, junto com os alunos, as atividades da próxima aula e iniciar a organização e o planejamento. Boas estratégias podem ser a introdução do "Quadro de Práticas e Praticantes", que serve para classificar as atividades, introduzir os princípios do treinamento e contribuir para que cada aluno possa iniciar um projeto pessoal de atividade regular.

Aula 2
Comece apresentando o cronograma de trabalho, que deve ter sido produzido com aproveitamento das sugestões feitas na aula anterior. Explique aos alunos que durante uma semana eles deverão fazer atividades corporais para compreender a relação entre o sedentarismo e doenças como diabetes, obesidade, hipertensão e infarto.

O foco deve estar nos benefícios da atividade física e o desafio será relacionar as consequências do sedentarismo para a vida dos jovens também no presente. Um bom caminho pode ser falar sobre os sintomas causados tanto pelo sedentarismo, como pela atividade física bem feita.

Esta é a oportunidade para ensinar os alunos a qualificar um programa de atividade física. Inicie entregando um "Quadro de práticas e participantes", uma tabela que deve conter atividade, objetivo (para diversão, para condicionamento físico), dias da semana, duração, intensidade (forte, moderada) e com quem (se com amigos da rua, sozinho etc).

Aula 3
Após uma semana, os alunos devem trazer seus registros e o professor (com a ajuda do grupo) organiza um quadro síntese com as principais informações coletadas. Este será o ponto de partida para organizar os hábitos da turma, comece a discussão com perguntas como estas:

Quais são as principais atividades praticadas pelo grupo?
Quanto tempo, em média, o grupo investe semanalmente para a prática do exercício?
Como estas práticas se caracterizam com relação à duração e intensidade?
Onde são realizadas as atividades físicas? Quais delas são realizadas na escola?
Elas têm como objetivo o lazer e a saúde?
As pessoas praticam sozinhas, em grupo, com amigos?


A partir das informações da tabela, os estudantes e o professor podem selecionar as atividades que serão praticadas na escola. Devem ser escolhidas aquelas que motivem os alunos e que respeitem alguns princípios da teoria do treinamento. Se falamos de saúde e condicionamento físico é importante selecionar as atividades que sejam inclusivas e de possível participação de todos.

Trabalhe também os princípios do treinamento: especificidade, esforço, sobrecarga, continuidade, regularidade, progressão e recuperação. Os alunos precisam entender que para um bom condicionamento físico é preciso relacionar na medida certa frequência e intensidade.

Aula 4, 5 e 6
Reserve estas aulas para a prática escolhida e oriente sempre que necessário, tendo em mente as expectativas de aprendizagem. Ao mesmo tempo em que os exercícios são realizados o grupo deve se organizar para preparar o folder que será entregue à comunidade escolar. A idéia é disseminar os conceitos que envolvem o sedentarismo, as suas conseqüências e a importância do exercício para a saúde. O folder será entregue em uma aula aberta, ministrada pelos alunos na última aula da sequência.

Este folder dever ser escrito com uma linguagem informal e deve responder as seguintes perguntas:

O que é sedentarismo?
Quais as suas conseqüências para a saúde?
Por que fazer atividade física?
Quais os princípios a serem seguidos para qualificar a atividade? Qual a rotina a ser seguida em uma sessão exercício? 


Não esqueça de garantir os recursos e espaços necessários para o trabalho. A sala de informática pode ser utilizada para a pesquisa. Livros e revistas também devem ser utilizados. A turma pode ser dividida em grupos, com responsabilidades diferentes como escrever o texto, ilustras, cuidar da impressão etc.

Aula 7
Organize com os alunos uma aula aberta para a comunidade escolar, ocasião em que será divulgado o folder preparado pelos alunos. Proponha que os alunos participem perguntando:

Quando vai ser?
Onde?
Quem serão os convidados?
Quem são os alunos que vão coordenar a atividade?
Quais os recursos necessários?
Quais serão as atividade realizadas?
Em qual momento o folder será entregue?
Como o conteúdo do folder será trabalhado com os participantes? 


Lembre que é preciso um tempo para mobilizar a comunidade. Os alunos deverão se dividir em grupos - alguns preparam os convites, outros se responsabilizam pela inscrição. É importante que todos estejam envolvidos!

Para a apresentação, os alunos deverão contar um pouco sobre a própria experiência. Peça que contem se alguém já praticava atividade física regularmente ou se alguém que era sedentário dê seu depoimento. Questione também o que aprenderam no desenvolvimento deste projeto e se mudaram os próprios hábitos e dos familiares.

Aula 8
Reserve este tempo para a aula aberta ministrada pelos estudantes.

Avaliação 
Observe se os alunos conseguem falar sobre as consequências e os riscos do sedentarismo para a saúde e se conseguem identificar os critérios e princípios básicos para selecionar as atividades físicas mais apropriadas.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Vamos jogar flag football, badminton e beisebol


Leve para a escola esportes que os alunos não conhecem ou só viram na televisão e na internet. As novidades ampliam o repertório deles e renovam a dinâmica das aulas

Fernanda Salla


Flag Football. Foto: Fernanda Preto
Flag Football É uma variação do futebol americano, mas com menos contato físico entre os jogadores. São formados dois times, com quatro a nove integrantes, cada um. O objetivo é fazer o maior número de pontos. Os jogadores prendem duas fitas(flags) na cintura com velcro. Quem está com a bola tem de fazê-la chegar até o fim do campo adversário com passes entre os colegas e correr para marcar gols, impedindo que os oponentes peguem uma das flags. Se isso ocorrer, a jogada é interrompida.
Você já se questionou por quê, em muitas escolas - quem sabe até na qual você leciona -, o futebol, o handebol, o basquete e o vôlei dominam a cena das aulas de Educação Física sem deixar espaço para outros jogos coletivos? A supremacia do que é chamado ironicamente de "quarteto fantástico" por alguns educadores é determinada pela história da disciplina, por um modo sedimentado de trabalhar (resultado de pensamentos como "se sempre foi assim, por que mudar?"), pelo espaço que alguns desses esportes ocupam na mídia e também pela popularidade no Brasil.

Se fora do ambiente escolar existem outras modalidades, mesmo que elas sejam desconhecidas da moçada, Marcos Garcia Neira, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), defende que elas não só podem como devem ser apresentadas, estudadas e vivenciadas na escola.

Isso não quer dizer abrir mão do que é considerado tradicional, mas ampliar o repertório dos estudantes, fazendo com que eles reconheçam a existência de diversos grupos culturais criadores de seus próprios esportes, danças, ginásticas, lutas, jogos e brincadeiras. "Em uma escola comprometida com a formação de identidades democráticas, é preciso ter contato também com outras práticas que não somente aquelas determinadas por uma classe social específica", diz Neira.

Como fazer isso? Nada de esperar a época das Olimpíadas ou outro momento especial. É claro que esses acontecimentos são excelentes disparadores para trabalhar o tema. Apesar disso, um bom planejamento, sustentado por muita pesquisa, é suficiente para proporcionar aos alunos algumas novidades durante as horas na quadra. Eles, inclusive, podem levar para a aula algumas informações. Foi exatamente isso o que aconteceu no Colégio São Luís, na capital paulista. O fato provocou mudanças na dinâmica das aulas, dando espaço ao beisebol, ao badminton e ao flag football (leia informações sobre eles nas fotos da reportagem). "Sempre trabalhamos os esportes ditos clássicos, mas os estudantes passaram a perguntar e a assistir a outros esportes e isso fez com que eu repensasse o conteúdo a ser trabalhado nas aulas", conta Fabio Oliani, coordenador e professor do 7º ano.





Adaptar o material, o tempo, as regras e o espaço para jogar
Badminton. Foto: Fernanda Preto
Badminton É semelhante ao tênis, mas usa-se uma peteca, em vez da bola. Pode ser disputado entre duas pessoas ou duplas (feminina, masculina ou mista). O objetivo é rebater a peteca em direção ao lado oposto da quadra para que ela caia no espaço do adversário e, assim, marcar pontos. É possível pontuar com saques também. Quem somar 21 ganha o game. Cada partida é composta de três games e vence o jogador ou a dupla que ganhar primeiro dois deles.
Beisebol. Foto: Fernanda Preto
Beisebol É disputado entre duas equipes, com nove jogadores, cada uma, que devem se revezar, basicamente, entre os arremessos de bola e as rebatidas com o taco. O objetivo é marcar mais pontos (também denominados corridas) que o time adversário no tempo de 9 innings (também chamados de entradas). Os pontos podem ser marcados entre as quatro bases ou quando o jogador consegue percorrer todas de uma só vez (o chamado home run).
Para definir as novidades que serão estudadas, você pode realizar várias investigações - por exemplo, conhecer o entorno da escola e procurar saber com a comunidade qual é o esporte da vez nas ruas e nos parques. Vale também descobrir a quais competições os alunos assistem na TV e na internet, estudar por conta própria ou ainda propor que a turma faça pesquisas, indicando alguns temas específicos. "Práticas típicas de países distantes, por exemplo, costumam despertar a curiosidade deles", diz Fábio D’Angelo, coordenador pedagógico do Instituto Esporte e Educação (IEE) e selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.

Nesse momento, você pode estar se questionando se é possível mesmo vivenciar o beisebol, o badminton e oflag football na escola. Como organizar a turma toda para jogar em duplas, no caso do badminton? É necessário ter material específico? Como adequar o espaço disponível de acordo com as quadras oficiais?

Como o objetivo não é formar jogadores profissionais nem organizar partidas seguindo as regras das federações, e sim proporcionar vivências e estudar a teoria relativa a cada um, algumas alterações são mais do que necessárias: são bem- vindas e interessantes para serem discutidas com a turma. Em geral, elas têm a ver com os aspectos a seguir:

- Material Na falta de bastões de beisebol, por exemplo, recorra ao material usado para jogar taco, uma brincadeira de rua tradicional. Se a escola não tem uma bola de flag football, outras de tamanho semelhante podem substituí-la. Para o badminton, uma peteca comum pode ser usada em vez da oficial.

- Tempo No período da aula regular, é impossível realizar partidas com a duração dos jogos oficiais de beisebol, por exemplo, que levam entre duas e três horas e meia. Reduza a duração modificando a dinâmica: um aluno arremessa a bola e outro rebate. Outra opção é você ser o lançador para que a turma, em fila, rebata. O mesmo vale para o badminton.

- Regras Restringir as jogadas de contato do flag football, por exemplo, permite evitar que alguém se machuque quando meninas e meninos jogam juntos.

- Espaço A área utilizada para jogar beisebol, por exemplo, é imensa e sem o formato das quadras escolares. Marcações no chão, respeitando o desenho oficial, resolvem a questão.

      Além de tudo isso, lembre-se de que o esporte na escola é mais que apenas jogar, e também não se resume a participar de competições. Afinal, as crianças são capazes de organizar uma partida e criar estratégias sozinhas - não precisam da aula de Educação Física para isso - e esses nem são os objetivos da disciplina.

    Cuide para que as novidades se transformem em aprendizagens efetivas, traçando um plano de trabalho amplo. "O educador tem de ter objetivos claros e metodologias consistentes para que a turma faça outras coisas, como refletir sobre os movimentos que cada esporte requer, estudar as origens deles, propor mudanças de regras e elaborar variações", diz João Freire, consultor do IEE.